Vinho, azeite e cortiça: áreas em que estamos nos primeiros lugares a nível mundial

A valorização dos territórios, dos seus produtos endógenos e da marca Portugal tem tido um significativo impulso em resultado do dinamismo que se tem constatado no setor agrícola, muito em particular nos setores do vinho, do azeite e da cortiça. Estas três atividades, pela sua diversidade, genuinidade e riqueza, são responsáveis por importantes intervenções na paisagem, muitas vezes de forma conjunta, contribuindo para a conservação de um património paisagístico e cultural, de vital relevância para a identidade coletiva, que é, simultaneamente, um fator de diferenciação e de valorização territorial, que importa preservar e legar às gerações futuras.

O montado de sobro é um dos ecossistemas mais ricos do mundo e Portugal é detentor da maior área a nível mundial. O papel que desempenha nos territórios rurais é evidente, tanto ao nível da prevenção e controlo de fogos rurais, como também na proteção da biodiversidade e na criação de valor económico com atividades associadas à cortiça, à produção de carne e de leite, à apicultura, à exploração de recursos cinegéticos e ao turismo.

Já a vinha e o olival são das culturas com maior representatividade em Portugal (cerca de 190.000ha de vinha e cerca de 360.000ha de olival, segundo dados de 2019), com forte enraizamento nos territórios rurais e com uma significativa capacidade de adaptação às condições edafoclimáticas do país. O conhecimento, técnico e científico, aplicado na condução destas duas culturas, tem sido objeto de grandes desenvolvimentos, nomeadamente com a introdução de práticas mais sustentáveis e de inovação ao nível das tecnologias em agricultura de precisão, que conduzem, necessariamente, a uma maior eficiência na utilização de recursos – de onde destacamos a água, a energia e o solo -, isto é, a uma maximização da quantidade de valor criado por unidade de recurso utilizado. 

Da conservação do território e dos seus recursos depende, igualmente, a possibilidade de continuarmos a produzir, de continuarmos a crescer e de assegurarmos a construção de um futuro alicerçado na sustentabilidade em três dimensões que consideramos essenciais: ambiental, económica e social. Neste âmbito, ao olharmos para estes setores, torna-se inquestionável a sua contribuição para as exportações e para a criação de emprego, aspetos fundamentais para a dinamização socioeconómica das zonas rurais e dos territórios de baixa densidade. 

Fica também demonstrada a resiliência do setor no seu conjunto. Num período tão particular como aquele que atravessamos, fomos capazes de produzir mais para o consumo interno, bem como aumentar as exportações de produtos agrícolas em mais de 5% face a 2019. E, no total do complexo agroalimentar, aumentámos as exportações em 2,5% e diminuímos as importações em 4,8%, também face a 2019. O que significa que os produtos portugueses são reconhecidos pelos consumidores, que lhes dão preferência. Significa, também, o empenho e dedicação dos agricultores, produtores e trabalhadores. E significa, ainda, que a Política Agrícola Comum (PAC) cumpriu o seu papel: garantiu a resiliência e a segurança dos sistemas alimentares.

Quero sublinhar: o setor agrícola e agroalimentar é determinante para contrariar o despovoamento e necessita de uma gestão ativa, que dinamize e que promova o desenvolvimento coeso do território. Um desenvolvimento em que a Agricultura deve ter a ambição de acrescentar valor à economia, ao ambiente e à vida das pessoas, diretamente e alavancando, também, outras atividades económicas ligadas, nomeadamente, ao turismo, ao artesanato, à gastronomia e à cultura.

Registamos que a Agricultura nacional, que é detentora deste papel fundamental, já aposta na digitalização, na investigação e na partilha de conhecimento. Aliás, foi em diálogo com o setor que construímos e lançámos a Agenda de Inovação 20 | 30, a que chamámos “Terra Futura” e que pretende inovar e fazer crescer a Agricultura, sem deixar ninguém para trás. 

A Agricultura é uma atividade moderna e que quer responder aos desafios societais no que diz respeito ao combate às alterações climáticas e à garantia da qualidade de vida dos cidadãos. O vinho, o azeite e a cortiça – áreas em que estamos nos primeiros lugares a nível mundial – contribuem para este desígnio: um futuro mais sustentável em que os produtos nacionais vão continuar a distinguir-se pela sua qualidade e carácter único.

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