Novos desafios para a ampv

Esta publicação é um trabalho de uma enorme atualidade, pois ajuda-nos a compreender melhor as razões pelas quais os setores do vinho, do azeite e da cortiça são hoje marcas portuguesas afirmadas mundialmente, perante a impiedosa e complexa mutação internacional, enredada numa transformação invulgar nestas últimas décadas.

Esta iniciativa da AMPV procura corresponder ao desafio que nos entusiasma desde a nossa fundação em abril de 2007: a construção de uma cosmovisão territorial que afirme a identidade histórico-cultural, patrimonial, económica e social dos municípios portugueses e dos territórios ligados à produção de vinhos de qualidade, estabelecendo, a partir destes, redes que potenciem a valorização dos produtos endógenos que estão fortemente associadas ao vinho. Sublinhamos, neste ponto, que este desígnio mantém-se atual e encontra correspondência nos objetivos da Agenda de Inovação para a Agricultura 20|30 – Terra Futura, em que o Governo define como prioritário valorizar e estimular o consumo dos nossos produtos endógenos, garantindo a autenticidade e promovendo a confiança dos consumidores.

Todas estas sinergias são fundamentais para o impulso à competitividade dos territórios rurais e para o estabelecimento de um renovado quadro de relações cidade-campo

A associação do azeite e da cortiça ao vinho é encarada, por isso, como natural, na linha da cooperação para a valorização dos territórios e para a promoção das múltiplas dimensões do turismo, dos produtos regionais, particularmente, naquilo que representa em formação de novas cadeias de valor acrescentado, otimização de circuitos curtos de comercialização, que permitem, muitas das vezes, ganhos de escala e um grande potencial de exploração, de comercialização e até de internacionalização.

Todas estas sinergias são fundamentais para o impulso à competitividade dos territórios rurais e para o estabelecimento de um renovado quadro de relações cidade-campo, em que as novas soluções tecnológicas facilitam bastante o ajustamento destes produtos aos novos drivers do setor agroalimentar, nomeadamente, o impacto ambiental e as alterações climáticas, a bioeconomia sustentável e a gestão eficiente dos recursos hídricos e florestais, a transição energética para a descarbonização da economia, a saúde pública e a segurança alimentar, e o comércio justo.

Perante a crescente globalização é interessante refletirmos em conjunto se as identidades rurais conseguem preservar aquilo que as distingue, aquilo que as diferencia, ou se, ao invés, irão sucumbir perante o movimento da crescente concentração populacional em grandes cidades e fundirem-se num conceito global e único. No fundo, o conjunto rico e diverso de atores territoriais, governativos e associativos que esta publicação convoca, ajuda-nos a conhecer melhor e, acima de tudo, a repensar os horizontes da missão da AMPV e o futuro de Portugal e dos seus territórios vinhateiros, olivícolas e corticeiros.