“Em tempos de que não há memória, a população do vale de Arruda vivia atormentada por um terrível gigante. Era tão grande e monstruoso que devorava tudo à sua volta de uma única vez, desde manadas de bois e ovelhas, às próprias pessoas que apanhava distraídas e tragava com crueldade. Depois palitava os dentes com os arados e dormia a sesta de barriga cheia. Ressonava de uma forma tão assustadora que as casas tremiam à sua volta. Era de facto uma criatura medonha e que não dava paz aos habitantes de Arruda.
Numa tarde de trovoada, uma velhinha do Lugar da Monteira saiu de casa para recolher o seu gado, quando foi surpreendida pelo temível Gigante que se preparava para comê-la. Sem outro recurso para se defender, ajoelhou-se, ergueu as mãos e pediu intercessão aos Céus. Nesse mesmo momento, o Gigante foi fulminado por um raio.
Devido ao seu tamanho, a população não podendo remover o corpo pestilento do lugar, cobriu-o rapidamente com cestos de terra até ganhar a forma de um monte alongado, semelhante a uma grande sepultura. Assim surgiu a Cova do Gigante.”