Não obstante toda a literatura existente, relativa ao contexto histórico do vinho desde tempos imemoriais, em Viana do Castelo[1], dá-se ênfase à época medieval, na medida em que, nesta época, podemos considerar que o vinho é um bem essencial, com importância económica, ao mesmo tempo que se assume como alimento primário para as populações. As suas características são descritas em inúmeros escritos e tratados, nos quais se condenam as más e se enlevam as positivas.

No final da Idade Média o vinho desta região era já conhecido quer em Inglaterra, quer noutros portos do Norte da Europa. Já no século XV, o porto de Viana era fulcral para a movimentação dos vinhos da região. A Viana chegavam vinhos, quer da Ribeira-Lima, quer da região de Monção, sendo reexpedidos para os destinos anteriormente mencionados e também exportados para outras zonas do Globo, onde se radicavam as comunidades minhotas – caso do Brasil (ainda que para estas zonas longínquas o comércio fosse mais escasso).

A vocação mercantil de Viana, enraíza-se na sua localização geográfica, por ser uma Vila para onde confluíam, e de onde derivavam, várias rotas de comércio fossem elas marítimas, fluviais ou mesmo terrestres.

No que diz respeito à produção e comercialização do vinho, dados da Alfândega de Viana referentes às exportações, a partir do século XVI, parecem demonstrar que o vinho era um produto com algum peso, nas transações comerciais. Uma importante fatia do vinho comercializado chegava da região de Monção, sendo o bolo completado pelo produzido na Ribeira-Lima que chegava a Viana, por barco, trazido de montante nas tradicionais embarcações de «água-arriba». No porto de Viana era embarcando rumo aos portos do Norte da Europa, principalmente da Inglaterra e Flandres, acompanhando-o o sal que servia de «cama» aos barris e completava o lastro dos Navios.

No século XVII, fruto de um possível incremento produtivo conseguido por acção da considerável comunidade inglesa que vinha a aumentar nos últimos séculos, parece ter havido um aumento da produção de vinho, aumento esse que transparece no acréscimo do número de tanoeiros arrolados no final do século, e no consequente aumento de importação de aros e aduelas.

No século XVIII, o ritmo ascendente do comércio tem um súbito revés com a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756). Perdeu importância face ao monopólio dos vinhos do Douro, fator que motivou a elaboração de uma petição dos comerciantes vianenses à monarca, D. Maria I, que não correspondeu às intenções dos assinantes do documento, o que travou o desenvolvimento comercial deste produto. O vinho verde, permaneceu a partir de então um produto que serviu quase exclusivamente para consumo interno (pelo menos até à criação da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, em 1908).

O Vinho Verde foi o primeiro vinho português exportado para Inglaterra, saído pela barra de Viana do Castelo, conforme nos dá notícia, num dos seus interessantes escritos, o Visconde de Vila Maior.

É um vinho original e único da viticultura portuguesa. Nenhum outro país produz um vinho tão perfeitamente definido e característico.

O vinho originalmente típico desta região é o vinho tinto, oriundo das castas tradicionais Vinhão, Borraçal e Doçal. Acompanha muito bem os pratos fortes da gastronomia da região. Entretanto, nos últimos anos, e por questões relacionadas com o mercado de consumo, a produção de vinhos brancos tem aumentado de forma muito intensa, sendo de destacar as castas loureiro e trajadura. Foram alterados os métodos de produção, a condução dos vinhedos e as técnicas de vinificação utilizadas para a produção destes vinhos.

Mercê das alterações introduzidas pelas novas técnicas, os vinhos daqui resultantes, brancos e tintos, melhoraram intensamente em alguns aspetos: teor alcoólico, aroma, sabor e teor de acidez menos elevado.

Os vinhos Verdes Brancos, maioritariamente oriundos da casta Loureiro, são frescos, leves e de cor citrina e com aroma muito subtil e frutado e têm vindo a conquistar as preferências dos consumidores, quer no nosso país, quer no estrangeiro.

Consome-se geralmente Vinho Verde no ano seguinte ao da sua produção, pois reúne então a máxima distinção. No entanto, se bem cuidado, tem maior longevidade.

Quando bebido com moderação é uma excelente bebida e até, segundo alguns estudos médicos, podemos afirmar que o Vinho Verde, em virtude da grande percentagem de ácidos e sais que possui, tem propriedades anti-gotosas e anti-reumáticas.

Nas terras de Viana do Castelo, com algum relevo em Geraz do Lima, existe uma oferta, com algum significado, de vinhos que, não obstante se enquadrarem na Região dos Vinhos Verdes, apresentam características próprias que os diferenciam dos restantes.

Atenta a este facto, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, em colaboração com os produtores-engarrafadores tem vindo a trabalhar na sua promoção, com o intuito de destacar este setor económico, que cada vez mais deixa de ser residual. Tal promoção consubstancia-se num conjunto de ações que que têm vindo a suscitar um interesse crescente por este produto que também contribui para a criação de riqueza económica no concelho.

Face ao exposto, identifica-se, seguidamente, os produtores e as marcas de vinho produzidas no concelho de Viana do Castelo:

 

Armindo Fernandes, Unipessoal, Lda

Largo do Louredo, 59 | 4905-286 Geraz do Lima (Moreira)

 

Solar do Louredo (Branco); Terras de Geraz (Branco e Tinto); Vianna (Branco), Solar da Videira (Tinto)

 

 

Caroça Family Vineyards

Estrada da Aldeia, 953 | 4905-251 Deão

 

Caroça (Loureiro, Vinhão, Alvarinho, Rosado); GLEBA (Branco,Tinto)

 

Casa da Reina – Rural Lima, Sociedade de Produção Agrícola, Lda
Estrada Velha, 595 | 4935 – 586 Chafé

Casa da Reina (Loureiro Produção Biológica e Blend)

 

Paço d’Anha

Av. da Estrada Real 4935-337 Vila Nova de Anha

 

Paço d’Anha (Loureiro e Alvarinho)

 

Phulia Wines

Rua da Presa | 4925-344 Cardielos

Phulia (Loureiro, Sensation e Rosé), Mordoma e Mal Acabado/Brut nature

 

 

Sobrinho do Arcipreste

Rua do Arcipreste nº4 | 4905-596 Santa Maria de Geraz do Lima

 

Sobrinho do Arcipreste (Branco, Vinhão e Rosé)

 

 

Solar de Merufe

Quinta de Merufe, Avenida de Merufe, 1111 | 4905-608 Geraz do Lima (Santa Maria)

 

Solar de Merufe (Branco, Tinto, Rosé, Espumante Branco e Espumante Tinto); Solar de Merufe (Vinagre de Vinho Verde)

 

Vinhos do Abade

Rua de Linhares, 164 | 4905-542- Portela Suzã

 

Pecadinhos do Abade (Espumante – Loureiro), Pecadinhos do Abade (Loureiro, Vinhão, Reserva e Frizante), Rosinhas do Abade (Rosé, Branco – Doce e Adamado), Sobrinho do Abade (Branco e Tinto)

 

[1] Penedo das Chaves – Lagar Tardo-Romano: Nos Limites do Castro de Moldes, em Castelo de Neiva, encontrámos o “Penedo das Chaves”, Os arqueólogos têm poucas dúvidas ao identificar esta estrutura como sendo um antigo lagar rupestre. Pelo seu contexto, apesar de não haver relação estratigráfica com outros elementos, esta estrutura tem sido atribuída ao final do império romano. Podemos assim assumir que o cultivo da vinha e a existência de uma produção de vinho era já uma realidade no território, à imagem de outras regiões (Douro, Beiras e Sul do Tejo). No que respeita aos elementos estruturais presenciámos a existência do calcatorium, do canal de escoamento do mosto para o lacus, inexistente devido ao corte de pedra, e ainda entalhes que serviriam para afixação e utilização de uma prensa amovível, quer de ancoragem na parede do penedo quer de suporte. A prensa neste caso seria de torcularium, com peso, que para o funcionamento era içada através da ação física do malus (fuso), após o que a ação da gravidade faria prensar o bagaço.